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Fernando Gomes

Como descansar o cérebro de verdade: aproveite o feriado e siga essas dicas

Fernando Gomes

15/11/2019 04h00

Pegar o celular nas mãos nos momentos de descanso achando que este pode ser o principal objeto de distração é o maior golpe contra o cérebro

Crédito: iStock

Mesmo a mente sendo naturalmente programada para se distrair, pensar demais é um problema muito comum. A maioria das pessoas sofre por não conseguir se desligar daquilo que não querem pensar ou fazer. Para cultivar o ócio e o descanso –uma façanha necessária para a boa saúde mental e física — é preciso adotar algumas táticas. Que tal aproveitar o feriado para começar a colocar alguma delas em prática?

É comum ler por aí na maioria dos livros de autoajuda e orientações para eliminar os pensamentos negativos e aumentar os positivos. Esse é um ótimo conselho, mas na prática, quando se usa demais o cérebro, positiva ou negativamente, ele pode ficar esgotado e então, dá-se o cenário perfeito para o fracasso mental, para o pensamento desordenado, confuso e desesperado.

Pensar em tudo ao mesmo tempo continuamente, é sinônimo de não viver no presente. A única maneira de parar de se identificar com todos os pensamentos é parar de segui-los, descansando o cérebro para conseguir uma reprogramação mental essencial para o bom funcionamento das funções vitais.

Mas, como isso funciona na prática? O primeiro passo é se desligar da tecnologia. E mesmo que pareça bem difícil, é necessário se forçar.

Nos últimos anos, as pesquisas têm conseguido demonstrar que isso de fato acontece. A alta demanda da tecnologia consegue inibir o funcionamento de regiões específicas do cérebro, assim, o córtex pré-frontal determina no que você vai prestar atenção e transmite essa informação para regiões mais profundas do órgão, como os gânglios da base e tálamo, que então fecham as barreiras para os estímulos concorrentes –essa é uma porta aberta para distração e para o pensamento inoportuno.

Quando o desligamento acontece, o cérebro abaixa a guarda e então diminui a barreira para estímulos concorrentes, permitindo o monitoramento do ambiente, o olhar para dentro de si mesmo e o tão importante descanso e cultivo do ócio.

A neurociência já mostrou que o ócio cerebral provocado pelo contato com ambientes naturais pode melhorar o humor e a memória, além de diminuir o estresse e as chances de desenvolver doenças como a depressão e a ansiedade – outros grandes problemas desta era.

Neurodicas

• Desligue os alertas de celular, deixar de acompanhar redes sociais, checar email,s mensagens e colocar o telefone no modo avião;

• Busque atividades que ajudem a distrair o pensamento como: regar uma planta, cozinhar ou ler um livro;

• Obrigue-se a experimentar a calma, a tranquilidade, o silêncio e respirar o ar puro;

• Comece hoje mesmo!

Referências
Nakajima M, et al. Prefrontal Cortex Regulates Sensory Filtering through a Basal Ganglia-to-Thalamus Pathway
Neuron. 2019 Aug 7;103(3):445-458.

Sobre o Autor

Fernando Gomes é neurocirurgião e neurocientista, graduado em medicina pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Concluiu Residência Médica em neurologia e neurocirurgia no HC (Hospital das Clínicas) da FMUSP e possui título de especialista em neurocirurgia pela SBN (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia). É pós-graduado em neurocirurgia pediátrica pela World Federation of Neurosurgical Societies, doutor em neurotraumatologia experimental pela FMUSP e professor livre-docente pela disciplina de neurocirurgia da FMUSP. Autor de 8 livros ligados à medicina e ao comportamento humano, consultor e apresentador do quadro “E agora, doutor?” do programa “Aqui na Band” da Rede Bandeirantes de Televisão.

Sobre o Blog

Com temas ligados a medicina e a neurociência, esse espaço é dedicado a viajar pelo cérebro humano e desvendar os mistérios da mente. Com explicações simples e embasadas cientificamente, por aqui é possível passear pela maior e mais poderosa máquina que mora dentro da cabeça de todos os seres humanos. E, ao desvendar os aspectos físicos e comportamentais das habilidades, emoções e necessidades do comportamento humano fica mais fácil aplicar técnicas e novos hábitos para que rotina seja leve, saudável e prazerosa e turbinada em todos os aspectos.

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