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Fernando Gomes

Diferenças entre o cérebro feminino e masculino confirmadas pela ciência

Fernando Gomes

06/03/2020 04h00

Crédito: iStock

Longe do sexismo, apenas fisicamente falando, o cérebro do homem é um pouco mais pesado do que o da mulher em razão do próprio peso corporal diferenciado. Mas, o padrão de conexão entre os neurônios dentro do cérebro é diferente entre os dois gêneros.

Os homens têm mais conexões dentro de cada hemisfério cerebral e menos conexões entre os dois lados do cerebelo – estrutura responsável principalmente pela coordenação motora. Já nas mulheres o padrão é o inverso. Isso explica porque homens e mulheres têm a mesma inteligência em potencial, mas habilidades diferentes. Os homens se sobressaem em atividades mecânicas, lógica, localização espacial matemática e motricidade robusta. Enquanto as mulheres se destacam na coordenação motora fina, na linguagem, na encenação, na realização de tarefas simultâneas e na sensibilidade para perceber sentimentos e intenções.

Algumas áreas localizadas no cérebro são ativadas de forma diferente em ambos os sexos e inclusive apresentam diferenças de tamanho. O hipocampo, área relacionada à importantes funções como a memória por exemplo, geralmente, é maior nas mulheres. A amígdala, região relacionada com as emoções e a agressividade é maior nos homens. Isso pode explicar porque elas apresentam mais facilidade em expressar a inteligência emocional e interpessoal enquanto os homens são mais diretos e racionais.

Apesar da atividade cerebral se relacionar com a interpretação das emoções, a experiência humana sofre influências do meio, da educação e da sociedade e isso pode acabar modificando algumas formas de percepção e de reação do comportamento humano. Tudo isso começa precocemente, desde a concepção e a formação do cérebro, ainda dentro do útero. Grande parte dessas diferenças se deve ao hormônio testosterona liberado pelos testículos do próprio feto na gestação. O cérebro masculino vai se moldando e se desenvolvendo de uma forma distinta do feminino quando um bebê ainda não sofreu nenhuma exposição a qualquer tipo de influência social.

Culpa também dos hormônios, ao longo da vida, a mulher está mais sujeita a apresentar variações do humor que o homem, pela relação direta dos níveis de serotonina no cérebro feminino. As oscilações fisiológicas do hormônio estrogênio em períodos críticos do ciclo reprodutivo delas como o pré-menstrual, o pós-parto e a pós-menopausa servem como "gatilhos" para a depressão, mais frequente nelas, cerca de duas vezes mais do que nos homens.

Mesmo assim isso não faz delas o sexo frágil, pelo contrário. Com tantas oscilações e descargas hormonais, elas ainda conseguem driblar as ações do seu corpo em relação à mente e ao comportamento. Uma façanha que, muito provavelmente, pelas estruturas cerebrais físicas, os homens não conseguiriam dominar.

Neurodicas

É possível trabalhar as habilidades mentais que ainda não sejam tão desenvolvidas, para isso, algumas dicas podem ajudar:

  • As dificuldades em pensamento lógico-matemático podem ser solucionadas com concentração e treino diário. Tente fazer contas de cabeça ou adivinhar o preço final de uma compra no supermercado antes de chegar no caixa;
  • A prática de exercícios físicos entre as mulheres, principalmente a partir dos 40 anos, diminui o risco de desenvolver demência ou dificuldades cognitivas;
  • Para estimular a capacidade de localização especial, uma dica é navegar através de um vídeo game ou de jogo de computador especialmente voltados para o treino da inteligência espacial;
  • Concentre-se e evite realizar atividades de modo concomitante. Elas podem atrapalhar o seu desempenho e ao invés de te tornar uma pessoa multitarefas, podem aumentar o grau de estresse e auto cobrança.
Referência:
Pinto FC. O Cérebro Ninja. Editora Planeta, São Paulo, 2018.

Sobre o Autor

Fernando Gomes é neurocirurgião e neurocientista, graduado em medicina pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Concluiu Residência Médica em neurologia e neurocirurgia no HC (Hospital das Clínicas) da FMUSP e possui título de especialista em neurocirurgia pela SBN (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia). É pós-graduado em neurocirurgia pediátrica pela World Federation of Neurosurgical Societies, doutor em neurotraumatologia experimental pela FMUSP e professor livre-docente pela disciplina de neurocirurgia da FMUSP. Autor de 8 livros ligados à medicina e ao comportamento humano, consultor e apresentador do quadro “E agora, doutor?” do programa “Aqui na Band” da Rede Bandeirantes de Televisão.

Sobre o Blog

Com temas ligados a medicina e a neurociência, esse espaço é dedicado a viajar pelo cérebro humano e desvendar os mistérios da mente. Com explicações simples e embasadas cientificamente, por aqui é possível passear pela maior e mais poderosa máquina que mora dentro da cabeça de todos os seres humanos. E, ao desvendar os aspectos físicos e comportamentais das habilidades, emoções e necessidades do comportamento humano fica mais fácil aplicar técnicas e novos hábitos para que rotina seja leve, saudável e prazerosa e turbinada em todos os aspectos.

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