Além do corpo: atividade física regular ajuda na reabilitação neuronal
O cérebro também se beneficia do exercício físico
A prática regular de atividade física faz muito bem para o corpo, para a mente, para a autoestima e para a socialização. Eu poderia passar horas escrevendo aqui sobre o tema e citando estudos e benefícios que o exercício físico traz para qualquer pessoa, mas hoje, o assunto é mais focado: como a prescrição do exercício físico pode ser ainda mais específica de acordo com a necessidade clínica do paciente.
De forma pioneira, um estudo realizado na Alemanha mostrou que os exercícios de alta e de baixa intensidades influenciam as redes cerebrais cognitivas de maneiras diferentes.
Após analisar a prática de exercícios em 25 pessoas, foram constatados que a periodização traz mudanças positivas no humor, na afetividade e no sistema de recompensa cerebral, além de alterar o sistema sensório-motor e estimular as conexões fronto-parietais.
Quem praticou exercícios de baixa intensidade demonstrou aumento na conectividade dos neurônios em repouso, enquanto que após a prática de exercícios físicos de alta intensidade houve alterações sensório-motoras e no sistema de recompensa.
O estudo mostrou que exercitar-se traz mais plasticidade ao cérebro para processos cognitivos e de atenção. Por isso, a prática regular de atividade física ajuda na reabilitação e no tratamento de pacientes com distúrbios neurológicos, como aqueles com Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN), doença com sintomas semelhantes ao Alzheimer e ao Parkinson, mas que após cirurgia, permite que o paciente recupere a qualidade de vida.
A customização do exercício também faz toda a diferença nos pacientes de HPN. Outra pesquisa bem recente, conduzida pelo Grupo de Hidrodinâmica Cerebral da Divisão de Neurocirurgia Funcional do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, apontou um progresso significativo nos pacientes que se exercitaram na própria residência ao longo de 10 semanas comparados aos que seguiram no sedentarismo.
Os ganhos em equilíbrio, capacidade funcional e atividades do dia a dia foram significativos, mostrando que o trabalho do fisioterapeuta e do educador físico dentro do grupo multidisciplinar que assiste o paciente com HPN é determinante para a recuperação da qualidade de vida.
As evidências comprovam o que muita gente já sabe, mas não custa lembrar: "se mexer é palavra de ordem". E isso vale como prevenção, como reabilitação e como ponto inicial de quem quer viver mais e melhor, sempre!