Topo

Histórico

Categorias

Fernando Gomes

O cérebro é considerado o órgão mais sexy do corpo humano: saiba por quê

Fernando Gomes

20/09/2019 04h00

Crédito: iStock

Ao contrário do que se pensa, o órgão mais sexy do corpo humano é, sem sombras de dúvidas, o cérebro. Graças a ele que nos sentimos atraídos fisicamente por alguém e graças também aos seus circuitos neurais que conseguimos atingir o clímax na relação sexual.

Tudo começa pela paquera e nesse momento o cérebro é acionado por diferentes aspectos externos, como cheiro, voz e aparência da pessoa, combinados com aspectos internos, como a memória afetiva. É isso que faz com que um casal se sinta atraído um pelo outro. Na arte da conquista e sedução, o cérebro trabalha a todo vapor, preparando o corpo físico e o comportamento para atrair o par ideal. Neurotransmissores e hormônios são responsáveis pela ativação do centro de recompensa, gerando sensações agradáveis e prazer sexual.

Depois que a conquista já fica estabelecida e um casal já está entregue à paixão, é na região do hipotálamo, dentro do cérebro, que as emoções e também o orgasmo começam a morar.

Sexualidade cerebral

Em seguida, durante a sedução que envolverá a sexualidade propriamente dita, a ativação dos gânglios da base e do tálamo, fazem com que a consciência fique menos alerta e a atenção fique totalmente focada na busca pelo prazer e a sensualidade neste instante é o ponto mais forte da atenção.

Certas áreas do cérebro precisam ser "desligadas" tanto nos homens como nas mulheres, para que outras áreas possam ser ativadas durante este momento. Em especial as amígdalas nos lobos temporais, centro da "defesa" de fuga ou luta, são "desligadas" e centros do prazer são ativados, como a área tegmental ventral. Nas mulheres, o córtex orbitofrontal, responsável pelo controle de desejos elementares, silenciam-se também. E então elas podem "relaxar" de suas preocupações e simplesmente amar e serem amadas.

Nos lobos frontais e no hipotálamo surge então o desejo e se inicia a secreção de hormônios que solicitam ao corpo que se prepare para o ato sexual, deixando o casal excitado.

Quando se inicia e progride o relacionamento sexual, o hipotálamo envia sinais de que o clímax está próximo e consequentemente se prepara para o orgasmo como uma poderosa recompensa –e não há diferença entre o órgão masculino e feminino nesse momento.

Apesar do cérebro feminino ser anatomicamente menor que o masculino, durante o prazer sexual eles agem da mesma forma e após o ato sexual secretam substâncias que dão a sensação de relaxamento e bem-estar. Essas substâncias muitas vezes são as que dominam o cérebro.

Os pensamentos de um casal apaixonado são inundados por boas lembranças que florescem, consolidam e fortificam o amor através da presença do hormônio ocitocina: produzida no hipotálamo, armazenada e secretada pela glândula hipófise, é considerada o verdadeiro hormônio do amor. A prolactina, também um hormônio, está relacionada com a satisfação sexual e a ocitocina relaciona-se com a sensação de intimidade e aconchego. Sua produção e secreção ajudam as pessoas a se amarem e ficarem juntas por muito tempo.

O centro do prazer físico-amoroso, tanto do homem como o da mulher, está localizado no hipotálamo. É ali a área da expressão do prazer que faz com que os pensamentos, desejos e sonhos gerados e interpretados nos nossos lobos frontais impulsionem a pensar na pessoa amada, principalmente na fase da paixão, que futuramente vai consolidar em amor.

Neurodicas

  1. Não menospreze sua intuição, grande parte do tempo seu comportamento sexual está sob controle de instintos cerebrais inconscientes;
  2. Como as estruturas cerebrais vinculadas às emoções fazem parte do circuito do prazer, escolha com carinho seu parceiro. As experiências sexuais têm forte impacto no cérebro e também na formação de memórias afetivas;
  3. Relaxe e aproveite. A natureza é sábia e o prazer de verdade só acontece quando você para de se preocupar em ter controle de tudo.

Referências:

Georgiadis JR. Functional neuroanatomy of human cortex cerebri in relation to wanting sex and having it. Clin Anat. 2015 Apr;28(3):314-23.
Pinto FG. Neurociência do Amor. Editora Planeta, 2017.

Sobre o Autor

Fernando Gomes é neurocirurgião e neurocientista, graduado em medicina pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Concluiu Residência Médica em neurologia e neurocirurgia no HC (Hospital das Clínicas) da FMUSP e possui título de especialista em neurocirurgia pela SBN (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia). É pós-graduado em neurocirurgia pediátrica pela World Federation of Neurosurgical Societies, doutor em neurotraumatologia experimental pela FMUSP e professor livre-docente pela disciplina de neurocirurgia da FMUSP. Autor de 8 livros ligados à medicina e ao comportamento humano, consultor e apresentador do quadro “E agora, doutor?” do programa “Aqui na Band” da Rede Bandeirantes de Televisão.

Sobre o Blog

Com temas ligados a medicina e a neurociência, esse espaço é dedicado a viajar pelo cérebro humano e desvendar os mistérios da mente. Com explicações simples e embasadas cientificamente, por aqui é possível passear pela maior e mais poderosa máquina que mora dentro da cabeça de todos os seres humanos. E, ao desvendar os aspectos físicos e comportamentais das habilidades, emoções e necessidades do comportamento humano fica mais fácil aplicar técnicas e novos hábitos para que rotina seja leve, saudável e prazerosa e turbinada em todos os aspectos.

Fernando Gomes